terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Sobreviver

Há quase dois meses (pelo menos) que tenho a consciência de que estou num buraco fundo de onde não consigo sair.
O trabalho não tem fim. A juntar aos horários malucos e às reuniões fora de horas, há a preparação de aulas e a correcção de trabalhos que tenho que fazer em casa. Não há noites nem fins de semana. E mesmo assim, o trabalho não fica todo feito, antes pelo contrário.
A paciência para os alunos é nenhuma.
A disponibilidade para o marido é nenhuma.
Estar bem disposta ao pé dos filhos não acontece.
A casa parece uma pocilga.
Quando não estou a trabalhar, frustrada como tudo, estou a chorar.
De dia arrasto-me, de noite não durmo.
Não consigo estar um minuto sozinha.
Não consigo descansar um minuto.
E quando penso que tenho um marido que me ama e que eu amo, três filhos lindos, saudáveis e inteligentes, uma casa e um emprego sinto-me a mulher mais ingrata do mundo. Ainda fico pior.
Eu não sou (era) assim, sou (era) optimista por natureza, vejo (via) sempre o copo meio cheio.

5 comentários:

Erase Pounds disse...

Há alturas em que, mesmo sendo muito agradecida por tudo que temos, o mundo desaba e ficamos frustradas com todo o trabalho que nos cai em cima. Um conselho que te dou é hoje esquece a casa e dedica-te só ao amor e carinho dos teus. Amanhã pegas no trabalho e aproveitas depois no fim de semana para arrumar, a casa pode esperar, a tua saúde mental é que não. Mima-te, toma um banhinho relaxante e namora um pouco. Beijinhos e respira fundo, demora a acalmar, mas acalma :-)

Lilith disse...

lamento que a tua vida esta numa má fase neste momento mas, linda, é só mesmo isso: uma fase e vai passar! não te deixes vencer facilmente, procura o que precisas de alterar porque há aí qualquer coisa a puxar-te para baixo! força :)

beijos :)

p.s. - vais dia 26 ao encontro da blogosfera? :) estás a dever-me um abraço!

Só comigo disse...

Como te compreendo. A vida de professor é tramada. Bj

Su disse...

Como eu te entendo amiga.
O estado de esgotamento mental, físico, psíquico e energético a que o sistema educativo nos reduz conduziu à minha saída do ensino ao fim de 17 anos. E eu não fui para professora por falta de opções mas porque adorava o tinha vocação para o que fazia (sem falsas modéstias). Mas aquilo que relatas era também o que eu sentia permanentemente durante os últimos 3 anos de ensino e as consequências óbvias ao nível da saúde física.
Não podias descrever melhor e só quem passa por isso percebe (infelizmente), pois se para nós já é difícil ter tolerância (achamos que deviamos estar a dar pulos de alegria por fazer o que gostamos (?), ter famílias maravilhosas e vidas que deviam estar repletas de felicidade) ...para as pessoas que vêem a coisa de fora é completamente descabido o nosso sentimento.
Mas experimentem levar a quantidade de trabalho que nós levamos todos os dias para casa. Tudo com prazo.Tudo com muito envolvimento físico, mental e emocional. Tudo muito desgastante. Ao ponto de nós já nem sequer conseguirmos usufruir o lado bom do processo por estarmos tão cansadas e desgastadas.
Como te entendo. E este texto não tería fim.
Vai tentando dar o teu melhor e sê mais tolerante contigo e com os teus sentimentos pois são justíssimos.
Beijocas linda

Anónimo disse...

Tens que deixar a tristeza de lado! Esforça-te para que isso aconteça e pensa em tudo o que tens na tua vida e que te preenche. Este é o 1º passo, os outros virão depois, mas primeiro tens de cuidar de ti, da tua mente e do teu estado anímico. Vamos lá, não te isoles e procura-nos quando estiveres a desabar...estamos cá para te dar o "amparo" que possas vir a precisar!
Beijinhos grandes