domingo, 8 de maio de 2011

Vida

Há alturas na minha vida em que tudo o que faço, faço-o com um esforço enorme.
Estou a passar por uma fase dessas. Sinto-me exausta, sempre. E se pensar bem, já me sinto assim há muito tempo.
Parece que não é bem viver, é passar pela vida. Entre os miúdos, o jantar, os lanches, a roupa, o trabalho, o trabalho que trago para casa, a casa, o meu part-time como motorista (entre escolas, músicas, natações, escuteiros, catequeses, festas e outras coisas, eu passo mais tempo a fazer de motorista do que de mãe). No fim de tudo isto, onde é que eu fico? O que é que eu faço que seja para meu prazer? Só para mim. Não me consigo lembrar de nada. Comer chocolate à noite, às escondidas na despensa, é uma delas. De resto...
E se ao menos as ccoisas ficassem bem feitas, se eu chegasse ao fim do dia e pudesse dizer que passei o dia a trabalhar mas acabei o que tinha a fazer... mas não. Acumulam-se os montinhos de fichas por corrigir. Crescem os sacos com aquelas coisas que andam espalhadas pela casa e que têm que se esconder a correr para a casa parecer arrumada. Desapareceu a paciência para brincar com os miúdos. Ao terceiro filho, ando seriamente a pensar comprar uma trela, porque a mais pequena que já tem três anos, só faz o que lhe dá na gana e é um perigo na rua. No cesto onde estão as peúgas e as cuecas por dobrar, já não cabe mais nada. Até o tempo para vir aqui e para vos ler é cada vez menos e faço-o sempre com culpa porque devia estar a fazer outra coisa qualquer mais produtiva.
E quando tento fazer uma análise mais fria da minha vida, sei que sou uma privilegiada, que tenho um emprego, montes de ajudas e vou tendo dinheiro para aquilo que é necessário. E saber isso e sentir-me assim, ainda faz com que me sinta mais ingrata com as coisas boas que a vida me tem dado.
Mas é assim que me sinto.
Desculpem-me estas lamúrias.

6 comentários:

Anónimo disse...

Olá!
Como eu te entendo!
Eu também muitas vezes sinto-me assim.
Tens um selinho lá no meu blog para ti.
beijinhos
Força

Mel Mudanca disse...

Maria !!! Não peça desculpas...
nem sempre estamos bem... e pelo que li realmente as responsabilidades, tudo esta nas tuas costas... quem sabe esta na hora de vc ser um pouco egoista com os demais..e te permitir...seja ir em um salao...seja caminhar em um parque sozinha.., sei que nem sempre é possivell , mas as vezes nós mesmos incoscientes colocamos os impecilhos..pensa que vc tem saude...uma familia linda e que so falta organizar... fica com Deus, e conta comigo viu.. beijuu

Loh-la disse...

é pôr essa gente toda a trabalhar :p quando era mto pequenina lembro-me que era uma diversão dobrar meias (meias/peúgas? é mais uma daquelas coisas norte/sul tipo sertã/frigideira?...) a minha mãe sentava-me no sofá, a falar com ela enquanto ela passava a roupa e eu dobrava meias...

Su disse...

Olá joaninha linda ,
(sim tu és a joaninha de quem eu falo lá no blog, pois associo-te sempre com a tua joaninha, mas sei que és Maria)
Retomando. cada vez que te leio é como se me estivesse a ler a mim. É fantástico como as coisas se repetem e os sentimentos são os mesmos.Até a profissão é a mesma.
É difícil ser mãe, dona de casa, professora e trazer ao final de um longo dia de trabalho uma longa lista de trabalho profissional para fazer. tentamos estar em todos os sitios ao mesmo tempo, fazer tudo o que é suposto nós assegurarmos e depois...não sobra nada para nós a não ser a pilha de trabalho que se continua a acumular deixando-nos à beira de um ataque de nervos cada vez que queremos tirar um tempinho para nos sentirmos boas mães e esposas. certo?
Não sei a resposta nem a solução para isso. Foi por não conseguir gerir esse factor que acabei por deixar o ensino. Eu sentia-me a mais incompetente das mulheres ao cimo da Terra todos os dias apesar de saber que estava a fazer o melhor que conseguia. mas o facto de saber que sou capaz de ser melhor (se conseguisse ter energias e cabeça para isso) acabava comigo...e com a minha família.
A situação melhorou significativamente sem a pilha de trabalho a crescer constantemente mas claro que ainda continuo a ter sentimentos a resolver pois agora sinto-me na obrigação de ser a super-mãe, super-mulher, super-dona-de-casa e...continuo a não conseguir ser.
Os meus níveis de stress reduziram drasticamente, tenho mais tempo para cuidar de mim e dos meus mas acabo por não conseguir organizar o tempo assim tão bem como gostaría.
Isto para dizer que compreendo-te muitíssimo bem, também continuo a comer às "escondidas" quando ninguém está em casa, e gostava muito de ter a solução ou pelo menso algo para te ajudar, mas a verdade é que não tenho a não ser dar-te a minha solidariedade, amizade, compreensão e dizer-te que as terapias a nível do pensamento positivo e florais de Bach podem ajudar um pouco (dentro da minha nova área).
Coragem amiga. Tu és magnífica e com 3 filhos, marido, casa, escola, escola, escola, e tu (no final da fila, eu sei) estás a sair-te muito bem. És uma lutadora e eu sei o quanto é difícil conservar ao menos a nossa sanidade mental no final do dia.
Aguenta leoa. Faz uma lista das coisas que consegues fazer todos os dias e vais ver como seria humanamente impossível fazer melhor.
Tu és a maior.
beijocas linda

Joana disse...

Não peças desculpa! Não há sítio mais apropriado para desabafar do que o blog linda. Lamento que te sintas tão sobrecarregada, e espero sinceramente que as coisas acalmem um pouco e que possas ter algum tempo para tomar coisa de ti. E sim, és privilegiada em muitos aspectos, e à às coisas boas que te deves agarrar neste momento! Estou aqui se precisares de falar. Beijinho grande e força! *

Só comigo disse...

Acho que nao tens de pedir desculpa, nada disso. Podemos desejar melhor, temos dias em que nos vamos abaixo. Há dias assim... Estamos aqui para te apoiar e ouvir. Bj